Minas Gerais registrou Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 275,3 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 1,4% ante igual período de 2024. Frente ao quarto trimestre do ano passado, o resultado ficou praticamente estável, com leve queda de 0,1%. Os números, divulgados nesta terça-feira, 17, pela Fundação João Pinheiro (FJP), elevam a fatia mineira no PIB nacional de 8,8% para 9,1%.
Para o secretário‑executivo de Desenvolvimento Econômico, Bruno Araújo, o avanço de 0,3 ponto percentual na participação nacional reforça a meta do governo de gerar 1 milhão de empregos desde 2019. “É um resultado para comemorar”, disse. Segundo ele, a política de atração de investimentos já soma R$ 495 bilhões em anúncios desde o início da gestão.
Mesmo assim, o ritmo mineiro ficou atrás da média do país, cujo PIB cresceu 2,9% no período. O especialista da FJP Thiago Almeida atribui a expansão estadual sobretudo à retomada da mineração e ao setor de serviços, enquanto agropecuária, indústria de transformação, utilidades e construção recuaram.
Impulsionada pela recuperação da extração de minério de ferro, a indústria extrativa avançou 6,2% ante o trimestre imediatamente anterior, mas ainda exibe retração de 3,5% na comparação anual. Já a agropecuária, dependente de poucas culturas, café, soja e cana‑de‑açúcar, encolheu 8% no trimestre e 5,6% em 12 meses, pressionada por menor colheita de banana, tomate, feijão e batata.
Almeida também aponta a concorrência do aço chinês e tarifas impostas pelo ex‑presidente dos EUA Donald Trump como fatores que afetaram a metalurgia mineira, segmento de peso na economia local. “Isso reduz a demanda por carvão vegetal e respinga no agronegócio”, afirma.
A indústria de transformação recuou 1,3% no trimestre, influenciada por menor produção de derivados de petróleo e biocombustíveis, minerais não metálicos, máquinas e veículos. A construção civil caiu 2,1% na margem, afetada pelos juros altos, e 0,4% no comparativo anual.
Com mercado de trabalho aquecido e renda real em alta, o setor de serviços cresceu 2,1% em um ano e 1% ante o fim de 2024, destacam dados do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Comércio varejista subiu 0,7% no trimestre e 2,8% na base anual, puxado por hipermercados, veículos e materiais de construção. A reativação da economia argentina ajudou a elevar as exportações de automóveis, segundo Almeida.
Transporte avançou 0,9%, embalado sobretudo pelo modal ferroviário, que acompanha o fluxo da mineração. Demais serviços, do financeiro ao doméstico, somaram alta de 1,1%.
Para João Pio, economista‑chefe da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), o resultado confirma a desaceleração prevista para 2025. Ele cita juros elevados, inflação acima da meta e tributos mais altos como entraves internos, além do avanço do protecionismo e de tensões geopolíticas que podem afetar metalurgia e mineração.
“O Estado deve seguir em trajetória moderada de crescimento, mas a manutenção da estabilidade dependerá de fatores externos ao controle mineiro”, conclui.
Com infornações do Regionalzão.
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